14 maio

Contra a proibição do 2,4-D

O pesquisador Robinson Osipe, que falou na audiência como representante da “Iniciativa 2,4-D”, movimento ligado à indústria e contrário à proibição, reconheceu que a deriva do agrotóxico traz prejuízos para lavouras como uva e maçã, mas defendeu que o problema não seria o uso total do 2,4-D, uma vez que seria um produto de baixo nível de toxicidade aos seres humanos, por exemplo. O problema, segundo ele, seria o uso inadequado do produto. Osipe argumentou que a oferta de qualificação e treinamento para os produtores que utilizam do 2,4-D conseguiria reduzir os impactos.

 

Por outro lado, argumentou que a proibição do uso do herbicida traria grandes prejuízos às lavouras de soja, pois ele seria o único produto capaz de controlar a expansão da buva, um tipo de planta daninha a plantações. “Se usado na dose correta, elimina a buva e não traz risco para os vizinhos”, defendeu. Na audiência, Osipe afirmou que, com base em um estudo feito a partir de dados de 2013, uma eventual proibição do 2,4-D aumentaria em 506% o custo da produção nas lavouras que se utilizam do herbicida, o que representaria um aumento de custo de mais de R$ 1 bilhão.

 

Representando o governo estadual, o secretário adjunto do Meio Ambiente, Paulo Pereira, destacou que um grupo de trabalho formado pelo governo do Estado apresentou oito medidas que podem ser tomadas para ajudar a diminuir o prejuízo dos produtores de frutas. Entre as propostas estão treinamento específico para utilização do agroquímico, sistema de alerta de deriva, cadastro dos aplicadores, regulamentação para aplicação terrestre, cadastro e localização dos cultivos comerciais sensíveis, revisão das zonas sensíveis, criação do fundo de indenização e proposição de técnico executor a campo.

 

Vice-presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Elmar Konrad, destacou que a entidade está debatendo internamente a questão do 2,4-D e que considera positivas as medidas propostas pelo governo do Estado. Ele se posicionou contrário a qualquer proibição ou suspensão do produto, o que chamou de “medida drástica”, porque não haveria substituto com o mesmo desempenho. “De todos os produtos sugeridos, não existe eficiência que se compare ao 2,4-D”, disse, acrescentando que, em alguns casos, a plantação de soja poderia ser inviabilizada.

 

Pela proibição do 2,4-D

A fala mais veemente a favor da proibição do 2,4-D veio de Valter José Pötter, representante dos produtores de vinho da Região da Campanha. Pötter argumenta que os prejuízos causados são muito maiores do que os R$ 100 milhões apontados pela Ibravin, pois também atinge as cadeias da maçã, do fumo, da erva mate, das oliveiras, etc. “Eu não tenho dúvida que o prejuízo é bilionário se for somar tudo. Também é importante considerar o prejuízo social. Mil hectares de culturas intensivas de frutas empregam, em média, 400 pessoas por ano. A soja emprega 4 pessoas. É um prejuízo social vezes 100. Emprego e renda é cada vez mais é importante para a economia do interior do Estado e do País. Se nós estamos liquidando com a diversificação, estamos liquidando com o emprego também”, afirmou.

 

Em sua fala na audiência, ele criticou ponto a ponto as propostas do governo do Estado sob o argumento de que elas não teriam efeito na prática, ou porque seria impossível fiscalizar todos os aplicadores do produto, ou porque o clima do Estado impossibilita que a aplicação do 2,4-D seja feita em condições adequadas para impedir a deriva ou porque as lavouras do Estado sequer tem conexão com a internet para que um sistema de alertas pudesse funcionar adequadamente. “Eu tentei os itens que foram apresentados como alternativas [pelo governo] há mais de quatro anos, treinar, conscientizar, sensibilizar, mostrar como tem que se aplicar e não se resolveu. Não resolve, porque dois ou três podem observar corretamente a aplicação e um ou dois não, mas tá feito o estrago. Também é importante a questão de que o 2,4-D se desloca muito. É o defensivo que mais se desloca, não conheço outro igual. Por 15, 20 km. A nossa região, entre setembro e novembro, não tem nenhum dia que não tenha vento acima de 10 km/h e a recomendação para aplicação é de no máximo 10 km/h. O resumo é que a deriva do 2,4-D é incontrolável, imprevisível e por isso que tem que suspender, não tem outra maneira de resolver o problema”, disse.

 

Ele ainda destacou que também planta soja e que, na última safra, colheu o dobro da produtividade média de seu município, Dom Pedrito, sem utilizar o 2,4-D. “O 2,4-D vai liquidar com a diversificação de culturas no Estado”, disse. “Não é radicalismo [a proibição], é sobrevivência da diversificação”.

 

Outro produtor que se posicionou de forma veemente pela proibição do 2,4-D foi José Sozo, presidente da Associação Gaúcha de Produtores de Maçã (Agapomi). “Podemos começar suspendendo por um ano, depois para sempre”, disse. Segundo ele, para a lavoura de maçã ser lucrativa, é necessário produzir mais de 40 tonelas por hectare e que, em média, a região de Vacaria tem produzido 50 t. Contudo, devido à contaminação pelo 2,4-D, a última safra teria apresentado uma perda de produção, em média, de 48%, o que inviabilizaria a continuidade da lavoura. Ele ainda apontou que o fim da diversidade de culturas traria também prejuízos ao turismo do RS, afetando, por exemplo, a região da Serra gaúcha. “Não existe país desenvolvido com monocultura”, disse.

 

Sozo também argumentou que o governo estadual não tem recursos técnicos, físicos e materiais para fiscalizar o uso do 2,4-D e que, diante disso, a melhor saída seria a proibição da comercialização.

 

O engenheiro agrônomo e professor da Unipampa, Norton Victor Sampaio, ainda destacou que uma nota técnica da Embrapa aponta que as condições específicas de aplicação do 2,4-D são difíceis de ser atendidas. Ele ainda ressaltou os impactos à saúde, apontando que mais de 180 estudos relacionam a contaminação pelo agrotóxico com casos de câncer.

 

Encaminhamento 

Ao final da audiência, que durou cerca de quatro horas, os deputados presentes tiraram como encaminhamento a  posição de defesa da suspensão do 2,4-D e de acelerar a votação do projeto de autoria de Edegar Pretto.

 

Fonte:https://www.sul21.com.br/ultimas-noticias/politica/2019/05/na-al-produtores-prejudicados-defendem-proibicao-do-agrotoxico-24-d-mata-a-diversidade-do-rs/

Aplicação incorreta prejudica produtividade

Eficácia do uso de fertilizantes e defensivos agrícolas, em qualquer cultura, está relacionada a três pilares

 

“O agricultor brasileiro tem bom conhecimento e domínio dos alvos e dos produtos, mas ainda há falhas na aplicação”. O alerta é de Samuel Guerreiro, diretor técnico da Brandt do Brasil. De acordo com ele, a eficácia do uso de fertilizantes e defensivos agrícolas, em qualquer cultura, está relacionada a três pilares: conhecimento do alvo, escolha do produto e dose utilizada e forma de aplicação.

 

Para o especialista, os erros em alguma dessas bases podem causar grandes perdas – seja qual for o tamanho da área plantada. Guerreiro afirma que, para se obter uma boa colheita, o uso dos defensivos e fertilizantes deve ser realizado de forma racional e correta sem perdas. Para isso, a primeira etapa é conhecer os alvos a serem combatidos.

 

“Depois, é preciso estar atento aos ingredientes ativos escolhidos. Diferentes alvos requerem diferentes escolhas. E por fim estar de olho durante todo o processo de aplicação, o qual pode colocar sua aplicação e seu investimento em risco”, explica.

 

O diretor aponta que os erros mais recorrentes são a falta de atenção com diferentes misturas de produtos no tanque, a escolha equivocada da ponta de pulverização, a altura da barra durante a aplicação e também a seleção errada do adjuvante agrícola. Problemas nessa etapa podem causar prejuízos não somente na produção, mas também perda de investimentos, com o desperdício dos próprios defensivos e fertilizantes.

 

“A má administração do processo de aplicação causa prejuízos para o agricultor e as perdas acontecem de várias formas: no preparo da calda, por incompatibilidade entre produtos, qualidade da água, formação de espuma e problemas na homogeneização; na aplicação, com deriva, escorrimento, e evaporação antes de o alvo ser atingido; e após a aplicação, com chuvas, evaporação rápida e má cobertura do alvo”, aponta Guerreiro.

 

Para evitar perdas, o especialista afirma que é preciso escolher corretamente a ponta de aplicação, a velocidade de operação adequada, a pressão de trabalho ajustada e constante, altura da barra ou de voo no caso do uso de aviões agrícolas, bem como a observação de instruções contidas em rótulos dos defensivos e fertilizantes. As indicações da embalagem resultam de estudos práticos e teóricos que garantem o bom resultado.

 

Guerreiro sugere o uso de fertilizantes foliares para melhorar a eficiência das pulverizações: “Os produtos (Linha Action) fornecem nutrientes essenciais para o desenvolvimento das culturas e reduzem perdas, como as por deriva, qualidade da água, formação de espuma, má homogeneização da calda, escorrimento e má cobertura”.

 

Fonte: https://www.agrolink.com.br/noticias/aplicacao-incorreta-prejudica-produtividade_418962.html?utm_source=agrolink-clipping&utm_medium=email&utm_campaign=clipping_edicao_6406&utm_content=noticia&ib=y

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