19 ago

PODA COMO BASE PARA PRODUÇÕES CONSTANTES E DE QUALIDADE

Poda é o início de uma nova safra — e a preparação para as demais.

A poda tem sido, no meu ponto de vista, em muitas áreas, negligenciada. Seja por falta de conhecimento, seja porque não se dá a ela a devida importância, ou porque se pensa que é muito complicada.

Plantas que não são bem podadas acabam acumulando problemas. E esses problemas, muitas vezes, se tenta resolver com soluções milagrosas — que simplesmente não existem.

Alguns exemplos práticos:

Frutos com deficiência de coloração.
Antes de utilizarmos produtos alternativos, olhemos para trás: como está a arquitetura das nossas plantas?
Elas têm uma boa capacidade de interceptação de luz?
Se não estiverem nessa condição, pouco adiantará usar estes produtos. O resultado esperado não virá.

Queda de frutos após a floração e frutificação?
Uma das causas certamente é: poda malfeita ou, pior ainda, a ausência de poda.

Sem uma poda bem-feita, não formaremos gemas fortes, com capacidade de gerar bons frutos — flores que tenham um bom pegamento. E sim, produziremos flores fracas, e muitas vezes somado ao excesso de flores, nossa frutificação será prejudicada de forma negativa.
E assim aumentam-se os problemas, com plantas descontroladas, bem como produção.

Em alguns momentos temos “janelas” curtas para a polinização, as abelhas precisam visitar um número exagerado de flores, o que compromete a eficiência do processo.
O resultado? Polinização inadequada. Mesmo utilizando produtos para melhorar o pegamento, o resultado, muitas vezes, fica aquém do esperado.

E os frutos que vingam são pequenos, com poucas ou nenhuma semente, e a qualidade fica sempre a desejar.

Complicamos nossas plantas. Complicamos nosso sistema. Comprometemos a safra em curso, bem como as safras futuras.

Ao invés de tornarmos nossas plantas inteligentes e produtivas, acabamos criando sistemas complexos e ineficientes.

Esquecemos de parar, olhar de forma mais ampla, e revisar nossos processos.
Um deles, extremamente importante: a poda.

Em vez disso, insistimos em buscar alternativas — aparentemente mais fáceis — mas sem resultado efetivo.

Faz-se uma prática de média, ou seja, independente do sistema, da combinação de variedade, porta-enxerto ou vigor, trata-se tudo como um só — o pomar como um bloco — e não como indivíduos.
Mas, ao tratarmos as plantas como indivíduos, damos a cada uma o manejo necessário, inclusive a poda adequada — e não apenas uma poda por média.

Ouço muitas discussões longas e acaloradas sobre detalhes minúsculos, ou transformando “problemas” velhos, em novos, mas se esquece de fazer o “básico, bem-feito”. Parece-me que se quer complicar o que não precisa.

Não se separa poda estrutural, de poda de formação, ou poda de renovação. Nem mesmo as épocas ou intensidades de poda.
Trata-se de poda seca e poda verde — e muitas vezes se tenta resolver tudo com a poda verde.  Poda esta executada num momento delicado, especialmente nas condições brasileiras, o que se nota em alguns casos é um verdadeiro caos.

Tentando corrigir com mais podas — e de forma desenfreada — entramos na tempestade perfeita.

Por que chegamos a esse ponto?

Falta de entendimento sobre a importância da poda?
Áreas muito grandes?  Falta de “mão-de-obra qualificada”?
Ou simplesmente porque “sempre foi feito assim”? Ou porque entendemos que a poda não é uma prática relevante para termos bons resultados.

Cuidado. Algumas coisas mudam com o tempo:

  • A exigência por qualidade, independente de variedade, sistema ou porta-enxerto;
  • A busca por maior produtividade por hectare;
  • O advento das telas.
  • O aumento da concorrência.
  • Controle de custos.
  • Surgimento de novas pragas e doenças.

Tudo isso nos obriga a olhar para os pomares de forma diferente.
Logo, poda é uma prática que deve ser revisitada, revisada e aplicada de forma correta e dedicada.

Se continuarmos fazendo da mesma forma, não obteremos resultados diferentes.

Outro ponto importante: o manejo precisa ser combinado.

Parece óbvio? Pode ser.
Mas o óbvio precisa ser dito — e relembrado.

Toda ação gera uma reação. E, quando bem combinadas com outras práticas, os resultados aparecem.
Do contrário, o prejuízo é certo — e a espera por uma nova safra pode ser longa, especialmente em tempos de fôlego financeiro limitado.

 Qual planta queremos?

Para refletir:

Façamos nossas plantas inteligentes e produtivas — e não complicadas.

Boa safra a todos!

Eng. Agr. Celito Soldá

Grupo Hiragami – São Joaquim/SC

 

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