UMA VIDA DEDICADA À PESQUISA E AO DESENVOLVIMENTO DA FRUTICULTURA
A Câmara Municipal de Vacaria realizou, na noite de 08/07/2025, uma sessão solene para entrega do Título de Cidadã Honorária à pesquisadora Dra. Rosa Maria Valdebenito Sanhueza. A homenagem foi proposta pelo Engenheiro Agrônomo Leandro Bortoluz e pelo presidente da câmara vereador Edimar Biazzi, em reconhecimento à sua importante contribuição ao desenvolvimento da Fruticultura de Clima Temperado. Na mesma noite, a pesquisadora recebeu da EMBRAPA uma placa homenageando sua trajetória na pesquisa e pelas valiosas contribuições ao desenvolvimento de tecnologias voltadas à pomicultura nacional, entregue pela pesquisadora Andrea de Rossi. Também recebeu homenagem da ABPM e AGAPOMI em reconhecimento e gratidão por décadas de dedicação em pesquisas e atividades voltadas à produção de maçãs no Brasil, o qual foi entregue pelo presidente da Agapomi Gilberto Marques e representante da ABPM Leandro Bortoluz.
“Hoje celebramos uma história marcada por dedicação, sabedoria e amor à terra. A maçã se tornou um dos principais produtos de nossa economia, e isso se deve, em grande parte, ao trabalho da Dra Rosa e de tantos outros mestres da pesquisa.” Vereador Edimar Biazzi
“Ela teve a ousadia de atravessar fronteiras e criar raízes numa cidade pequena. Foram mais de 20 anos de serviços prestados à Embrapa e mais 17 anos de atuação contínua, mesmo após a aposentadoria. Sua ética, paixão pela pesquisa e capacidade de compartilhar o conhecimento marcaram todos nós”, disse o presidente da Associação dos Técnicos Agrícolas, César Orlandi.
“Ela foi referência em doenças da macieira, inspirou gerações, defendeu ideias com firmeza e serenidade. Essa homenagem é mais do que merecida. Rosa é uma cientista que abriu caminhos e agregou pessoas.” Pesquisadora Andrea de Rossi da Embrapa.
Em seu discurso de agradecimento, Dra. Rosa falou com emoção sobre sua trajetória, os desafios enfrentados e os apoios recebidos. “Essas honrarias são de todos nós. A maior parte da minha caminhada só foi possível graças à minha família, que compreendeu as ausências, e às pessoas que estiveram ao meu lado, me ajudando a cuidar da casa, dos filhos, da vida. Vacaria é uma cidade que acolhe e que me deu muito mais do que eu poderia imaginar. Ainda espero continuar trabalhando e aprendendo com todos vocês”, afirmou, sob aplausos do plenário.
Dra. Rosa concluiu Agronomia com especialização em Fruticultura no Chile e chegou no Brasil em 1974 para cursar mestrado e doutorado em Fitopatologia na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP). Em 1985, foi uma das pioneiras da Embrapa em Vacaria, tornando-se referência nacional em pesquisas sobre a cultura da macieira. Em 2002, enquanto pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho, a Dra Rosa Maria recebeu o Prêmio Frederico de Menezes Veiga, uma honraria que denota grande reconhecimento aos pesquisadores. Esse prêmio foi concedido anualmente entre 1975 e 2015 àqueles que no campo da pesquisa agropecuária tenha se destacado na realização de obra científica e tecnológica de reconhecido valor ou dedicado a produzir trabalho que signifique efetiva e marcante contribuição ao desenvolvimento agrícola nacional. O Prêmio Frederico Menezes Veiga, em 2002, foi concedido a dois profissionais de pesquisa que contribuíram para o desenvolvimento de tecnologias agrícolas com Segurança Ambiental, ou seja, soluções tecnológicas para o negócio agrícola sem perder o foco do uso responsável da oferta ambiental.
“É com enorme admiração e respeito que escrevo estas palavras em homenagem a Dra Rosa, cuja trajetória de vida profissional se entrelaça com a história da pesquisa em doenças de fruteiras de clima temperado no Brasil. Vinda de outro país, a senhora escolheu este solo como casa e missão trazendo consigo não apenas conhecimento técnico de excelência, mas também uma generosidade ímpar, um espírito incansável de liderança e um olhar atento à formação de novas gerações de profissionais. Seu legado ultrapassa os resultados científicos — ele está vivo em cada aluno inspirado, em cada colega tocado por sua dedicação e em cada avanço construído com seu exemplo. Receba nossa gratidão e reconhecimento por tudo o que fez — e continua fazendo — pela ciência e pela fruticultura brasileira. Com respeito e afeto!” Pesquisador Marcos Botton (Embrapa Uva e Vinho).
“Alguns capítulos, diversas histórias e muito aprendizado! A frutífera (literalmente!) convivência com a Dra. Rosa já ultrapassa 30 anos. Por certo, não é possível conseguir explorar todas as histórias vivenciadas neste espaço gentilmente cedido pelo Jornal da Agapomi. Mas, como muitos dos que convivem com essa colega e amiga, não há como deixar de lembrar alguns dos tantos capítulos dessa vivência. O primeiro contato ocorreu ainda em 1990, quando fiz meu estágio curricular em Agronomia. O local escolhido para o estágio foi o então Campo Experimental de Vacaria, vinculado ao centro de fruteiras temperadas, da Embrapa. A “famosa Dra. Rosa” estava em curso no Japão, o que não impediu que o laboratório dela abrigasse aquele estagiário e, tão logo ela retornasse, passássemos, de forma muito natural, a incorporar o time que ela tão bem conduzia com os experimentos com Trichoderma, podridões de maçãs e contagem de ascoporos, entre diversas atividades. Já naquele momento, me chamava a atenção o seu talento natural em fazer ciência com competência e ensinar com maestria e paciência. Aliás, uma habilidade que é testemunhada pela grande maioria dos orientados, colegas, profissionais, alunos e produtores que com ela tem convivido. Oito anos volto à hospitaleira Vacaria, agora como empregado da Embrapa e, por uma grande felicidade, estava sendo ali gestada a Produção Integrada de Maçã, com a liderança da própria Dra. Rosa. Para um recém-contratado, era uma oportunidade de ouro entrar em um projeto tão promissor. Para uma já veterana pesquisadora, era mais alguém para se incorporar ao time e somar esforços. Minha inserção na PI em construção foi uma escola onde não apenas passei a ter o convívio com tantos colegas quanto pude aprender com todos e com ela também, o que abriu tantas portas quantas foram necessárias. Aliás, minha trajetória na Embrapa até hoje, tem forte conexão com aqueles primeiros passos dados junto com a Dra. Rosa. E dali surgiu uma parceria e uma amizade que se mantém até hoje. Essa parceria foi muito além da produção integrada de maçã. Como uma constante instigadora de novas ideias e novas abordagens, essa colega não se contenta em chegar a um ponto. É preciso ir além. Isso aconteceu com a produção orgânica (e depois a semi-hidropônica) de morangos, a campanha para divulgação da produção integrada, o surgimento da PI como política pública nacional e tantas outras iniciativas. Nossa convivência durante a trajetória na Embrapa se encerrou com sua saída, mas a vivacidade, experiência, respeitabilidade e capacidade técnica continuam na Proterra e em tantas frentes quanto a Dra. Rosa se envolve. Esses bons frutos não vêm por acaso. Alguma inspiração e muita transpiração. Algumas contrariedades e muitas discussões produtivas. Algumas dúvidas e muitas certezas de se ter trilhado o caminho certo sob sua brilhante orientação. E como um sonho sonhado em equipe tende mais fácil a se tornar realidade, os frutos foram sendo colhidos. Tive o privilégio de sonharmos juntos. E tenho certeza que muitos colegas que, como eu, tiveram a felicidade desse convívio também reconhecem essa habilidade única de idealizar, de convidar e de envolver. Mas depois dos frutos colhidos, de saber reconhecer e dar os créditos a quem realmente trabalhou e ajudou para que a colheita fosse realizada que seja premiado por seu esforço. Não por acaso, as homenagens acompanham a Dra. Rosa em sua valorosa trajetória. Deste lado de cá da Cordilheira dos Andes, prosperaram as sementes de suas ideias e de seus ideais de uma produção agrícola mais sustentável (quando ainda praticamente não se falava em bioinsumos) e de qualidade para o consumidor (quando os olhares da pesquisa estavam mais para dentro do pomar do que para o mercado). Vacaria acolheu a Dra. Rosa Maria, seus familiares e agora, de forma justa, homenageia essa nova cidadã. De igual modo, a Embrapa, as instituições parcerias e a cadeia produtiva da fruticultura, em especial, todos reconhecemos e agradecemos em justo tempo e, certamente aquém de suas muitas contribuições, por podermos celebrar esse momento. Muito obrigado, Dra. Rosa, por essa habilidade de não se contentar em saber, mas de dar o exemplo e exercitar cada dia esse fantástico talento de compartilhar a técnica, a ética e a preocupação com um mundo melhor.” Pesquisador Alexandre Hoffmann, Embrapa Clima Temperado.
– Quando eu procurei estágio em doenças de fruteiras, em 2006, o nome da orientadora foi de uma unanimidade ímpar, Dra Rosa Maria. Desde então tenho o privilégio de acompanhá-la nesta trajetória cheia de conhecimentos, possibilidades e ensinamentos. Sem cerimônia para ensinar, somente nestes 17 anos na Proterra, ela orientou mais de 40 alunos de Agronomia. Uma pessoa de muitas descobertas, contatos profissionais, colegas e amigos. O seu talento inigualável sempre é uma fonte inspiradora para todos que a conhecem. A Dra Rosa mostra a cada dia que está pronta para quebrar paradigmas, pensar fora da caixa e liderar. Uma das melhores demonstrações de VOCAÇÃO. Assim disse Georg Leonard: “Um verdadeiro mestre é um eterno aprendiz”. Assim é a Dra Rosa, está sempre ensinando e aprendendo. Além de uma renomada pesquisadora, orientadora e colega, também é uma grande mãe, amiga e conselheira. Vinícius Adão Bartnicki
Discurso de agradecimento (esquerda) e entrega do Título de Cidadã Honorária a Dra Rosa Maria Valdebenito Sanhueza pelo presidente da câmara Edimar Biazzi (direita).
Leandro Bortoluz e Gilberto Marques entregam homenagem da ABPM e da AGAPOMI.
Homenagem recebida da EMBRAPA, entregue pela pesquisadora Andrea de Rossi.
Vinicius Adão Bartnicki
Proterra Engenharia Agronômica